sábado, 1 de outubro de 2011

O TEXTO TODO!

“Isso vai passar?!”

 Weberton Costa
&
Wagner Nazário















Cena 1
Abrem-se as cortinas, no palco, um cenário que lembra uma sala de apartamento, porém não há ninguém no palco. Entram Wagner e Weberton. Entram discutindo e tentando achar dois lugares que estão reservados na platéia.

Weberton: Porra Wagner! Fiquei quarenta minutos te esperando naquela encruzilhada!

Wagner: Menos! Caixa baixa que você não está falando com sua mãe! Da próxima vez não venho!

Weberton: Ta bom mozinho, me desculpa é que eu tava nervoso e... (para o público) Caralho, eu que sou a vitima, mas, sempre saio de vilão.

Wagner: ai meu deus, adora fazer um drama! Começou! Vamos sentar que a peça já começou e pessoal deve a pensando que agente faz parte só pelo escândalo básico.

Weberton: o ingresso ta com você?

Wagner: comigo não, eu te entreguei.

Weberton: Puta merda Wagner!

Wagner: (olhando para os lugares vazios) Nem precisa Weberton, tem dois lugares sobrando! Vamos pra lá!

Ambos vão para as cadeiras e sentam. Dão as mãos e olham para o palco. Ocorre silêncio e Weberton de súbito, vira para Wagner.

Weberton: Amor, agente ta no elenco da peça!(começa a olhar na agenda) Você lembrava?

Wagner: Sim, claro... (barulhinho do Windows)

Weberton: sei que lembrava sim. Vamos logo pra lá!


Ambos saem cada um de um lado e vão para o palco. Cortinas se fecham com ambos ainda de fora.

Wagner e Weberton: Boa noite.

Weberton: Desculpem pela demora e pelo atraso, mas, é que o Wagner nunca chega na hora!

Wagner: Pelo menos eu admito que chego atrasado! (para o público) Weberton chega atrasado, mas, porque chega cinco minutos antes canta de galo falando que eu atrasei.

Weberton: Não interessa e...

Wagner: Não mesmo! Não vou ficar falando da minha vida pessoal pra todo mundo!

Weberton: OK amor. Tomou os remédios? Aqueles que afetam a sua memória?

Wagner: Que remédios?!(som do Windows)

Weberton: Tomou. Me dá um beijinho pra gente poder começar. (se beijam e entram).

Wagner põe a cabeça pra fora e fala com o público.

Wagner: Ele fala que eu tenho memória ruim, mas, quem esqueceu de falar sobre a peça foi ele! Ela vai falar sobre como agente se conheceu e o que passou até chegar aqui. (Wagner levanta uma taça de Champagne) Então um brinde, a vocês!(bebe)

Weberton: Amor, você viu a taça de Champagne da cena final? Lembra? (berra de dentro das cortinas)

Wagner: (barulhinho do Windows) Claro que lembro, mas, não vi não. (corre e escolhe alguém na platéia e entrega a taça de champagne para a pessoa) Bebe e não deixe ele ver! No fim da peça você me devolve vazia!(corre pra dentro do palco)

Ouve-se a primeira campainha seguida de um grito de Weberton:

Weberton: Acelera essa porra de campainha que agente já ta atrasado!

As três campainhas tocam uma atrás da outra rapidamente. Cortinas abrem. De um lado está Weberton sentado sobre uma cadeira desconfortável com um mouse e um teclado na mão, do outro, Wagner está jogado sobre um puff bem macio com um note book. Entra uma narração gravada:

Voz de Weberton: Aí estamos nós. Atoa como a maioria dos jovens na nossa idade.

Voz de Wagner: Fale por você! Eu tava trabalhando! Correndo atrás de projetos e mais projetos!

Voz de Weberton: O que você ta fazendo aqui?!Essa narração é minha!

Voz de Wagner: então fala direito como aconteceu ou eu conto!

Voz de Weberton: Ok! Eu tava vendo filme pornô e você trabalhando, ta bom?!(não há resposta) Bem, como eu ia dizendo, eu tava no computador... (é interrompido)

Voz de Wagner: Vendo pornô... (ri)

Voz de Weberton: Se eu não fosse uma voz gravada eu e esfolava! Mas, voltando ao que importa, eu cansei de ver gente em foto e resolvi conhecer gente pelo orkut.

Weberton: To cansado dessa solidão de pornô punheta, punheta pornô! Olha só... Esse é gatinho...

Wagner: Quem é essa pessoa? É, vamos ver se presta né. Oi.

Weberton: Oi, tudo bem?

Wagner: Tudo e você?

Weberton: Tudo, e você?

Wagner: Dá pra ver que é bom de papo.

Weberton: TC de onde?

Wagner: (nome da cidade onde estiver sendo apresentada a peça)

Weberton: Eu também! VIVAAAAA ARRUMEI PRA HOJE!

Wagner: Legal.

Weberton: E aí, topa agente se ver? Meu pau tem 20cm!

Wagner fecha o note book com cara de nojo e Weberton fica desesperado.

Wagner: Definitivamente, não se conhece nada além de tarado nessa cidade!

Weberton: Poxa, (olhando pra dentro das calças) será que ele achou pequeno?!

B.O.



Cena 2
Reacendem as luzes a ambos estão lá lado a lado de pé (Weberton ainda olha pra dentro das calças). Wagner começa a falar com o público.

Wagner: E foi assim que nós conversamos pela primeira vez...

Weberton: Você acha pequeno?(olhando pra entro das calças)

Wagner: (olha de cara feia, mas, ignora e continua) Depois de muita insistência dele, nós finalmente decidimos sair.

Weberton: (ainda olhando dentro das calças) Sério que você não topou pelo tamanho do dote?

Wagner: Amor, vamos brincar de caixinha de música?

Weberton: E em que posição de az isso?(lambendo os beiços e esfregando as mãos)

Wagner: é só você levantar os braços bem pra cima e (ajeitando Weberton) e fechar os olhos.

Weberton: To gostando meu safadinho... (ri)

Wagner cantarola uma musiqueta e ao fim dela dá com toda força uma joelhada nas partes de Weberton que cai. Vira-se para o público e torna a falar:

Wagner: Como eu dizia, Marcamos um primeiro encontro e decidimos ir ao cinema.

Weberton: (ainda meio gemido) e como você tava gostoso!

Wagner: Foi tão romântico... Ele pegou na minha mão...

Weberton: Claro! Você não deixou pegar em outras partes!

Wagner: Chega amor, desisto! Você ta muito tarado!

Weberton: Poxa amor, não desiste de mim não. Eu prometo que melhoro.

Wagner: Ok! Então vem cá. Senta aqui e me dá a mão. (sentam-se em boca de cena)

Wagner: Fecha os olhos.

Weberton vai fechar os olhos, quando passa a mão no pênis e lembra da joelhada e olha com olhos arregalados para o público. Neste exato momento soa um barulho tal qual o de erro de computador.

Weberton: Não senhor! Dá ultima vez que fechei o olho eu vi estrela!

Wagner: prometo não te chutar mais. Juro (cruza os dedos para a platéia)

Weberton: ok. (fecha os olhos)

Wagner: Imagina um dia de sol com o céu azul. Imaginou?

Weberton: imaginei.

Wagner: Imagine que você é um passarinho que voa livre pelo céu para encontrar o seu amor.

Weberton: Sim. (faz gestual de passarinho batendo as asas e torna a pegar nas mãos de Wagner, que lhe faz carinho).

Wagner: Agora imagine que você encontrou. E vocês vão dar um beijinho. (beijam-se)

Weberton: Isso é muito bom.

Wagner: Pode abrir os olhos amor. (Weberton abre os olhos) Viu só? Isso é pra você ver que nem tudo na vida é sexo! E então como você se sente?

Weberton: Pra ser sincero mesmo?

Wagner: sim, claro, quem ama não mente.

Weberton: Tô de pau duro!

Wagner: Sai, sai daqui!

Weberton: que foi que eu fiz?

Wagner: Sai, antes que eu brinque de caixinha de música outra vez! (diz isso, já de costas pra Weberton, e quando se vira pra olhar, ao fim dessa frase, Weberton Já sumiu).

Wagner: Homem tarado se trata assim! A senhora aí que eu dei o champagne (se for jovem diga senhorita), aproveita bem e quando chegar em casa amiga, pode usar essa técnica com seu marido, namorado ou amante! Isso vale pra todas! (conversa um pouco com a platéia e sai).


Cena 3
Entra Weberton pela platéia como que saindo de alguma cadeira protegendo suas partes com uma daquelas raquetes elétricas de pegar mosquito.

Weberton: Ainda bem que ele já foi. TPM é um inferno, mas, agora eu quero ver ele me dar joelhada sem fuder o joelho.(ri) TPM é coisa da qual não se foge nem com divórcio! Por que as mulheres tão dominando o mundo! Teve um malandro amigo meu que irritou a mulher dele, que tava de TPM. Rapaz, a mulher passou a navalha no pinto dele e o cara foi parar no hospital. A médica que costurou também tava de TPM. Só garanto pra vocês... (olha em volta e fala baixo olhando pro público) Até hoje o coitado mija pra cima!
Vocês tão aí rindo porque não sabem como é TPM de viado! Só porque não tem útero, o infeliz tem duas ao mês! Mas, na minha casa mando eu! Pediu-me pra casar e eu disse que não, e ta decidido!

Entra Wagner com um avental sujo e um cutelo na mão.

Wagner: Amor, to pensando em fazer salada, você aceita?

Weberton: Se eu aceito o que? Eu já disse que não vou casar e... (olha pra trás e vê Wagner com o cutelo) Eu aceito sim! (gritando) Eu caso contigo amanhã mesmo! Pelo amor de Deus! Eu só não quero ficar sem pinto! (sai correndo).

Wagner: (falando sempre num tom sonhador) Vocês viram que romântico?! Ele finalmente vai casar comigo! Logo eu que sou moça virgem (gargalhadas soam da coxia e Wagner olha de cara feia e mostra o cutelo para a coxia. Os risos cessam) e estava louca pra casar! O casamento é uma benção que te prende em casa, que te prende a um único homem que vai ficar velho, careca, gordo, fedido. Que vai passar os seus últimos dias sem trepar nem uma vez contigo, alegando que o jogo de futebol começou, ou que o viagra acabou. Já imagino tudo e... (barulho do Windows) Péra aí, por que é mesmo que eu quero me casar?!

Sai de cena ao som de uma desengonçada marcha nupcial representando seu atrapalhamento. Entra Weberton de terno elegante ao som da mesma marcha.

Weberton: Olha, casamento é uma ocasião de muito luxo! As pessoas sempre casam muito chiques e alinhadas. Há sempre uma festa muito bonita, cheia de amigos e muita comida. Sempre rola num lugar bonito... A noiva vem entrando ao som da marcha... (entra Wagner de noiva) Mas, a verdade...

Wagner: É que vai todo mundo só pra comer!

Weberton: E quem não vai pra comer, vai pra rir da sua cara porque você está fudido!

Wagner: É tudo tão bonito...

Weberton: É, mas, você se esqueceu que o nosso não foi assim?

Wagner: (barulho do Windows) Não...

Weberton: Foi na rua...

Wagner: é. Debaixo de uma arvore na praça...

Ambos dão as mãos e se aproximam como se fossem se beijar.

Wagner: os pássaros cantavam e voavam sobre nós... (barulho do bater de asas de pássaros)

De repente Weberton olha para o ombro passa a mão e olha pra cima.

Weberton: eram pombos, e um deles deixou a sua benção em mim. Nossos amigos não viram, porque foi escondido. E a festa foi só entre nós dois...
                                          
Wagner sorri e ameaça abrir a boca, mas, é interrompido.

Weberton: Mas, não foi no Le Canton e nem no Copacabana Palace! Foi no McChina da esquina!

Wagner: Seu chato! Estragou toda a fantasia do momento!

Weberton: E por falar em fantasia... Não foi com essa roupa que agente casou!

Wagner: Mozudo é melhor não fazer isso...

Weberton: Casamos com roupas NORMAIS! (arranca a própria roupa, revelando uma roupa simples por baixo).

Wagner: Amor me deixa ficar com o vestido vai...

Weberton: Não, não, aqui só vamos falar a verdade!(vai até Wagner e arranca-lhe o vestido, revelando que por baixo só há calçinha e sutiã com sinta liga).

Wagner: Gostou? Era pra lua de mel. Mas, já que o que é bonito é pra se mostrar...

Wagner começa a desfilar ao som de uma música e Weberton o expulsa do palco procurando cobri-lo como pode. Aponta para a cabine de som e luz e faz sinal de cortar.

B.O

Cena4
Wagner está sentado com uma toalha de banho no colo, sabonete e shampoo. Parece nervoso. Weberton entra com uma garrafa pet das maiores que existem, e uma enorme barriga d’água.

Weberton: Ai amor, custou, mas, consegui o garrafão que você me pediu. Mas, me diga pra quê você quer uma garrafa dessas em plena lua de mel?!

Wagner: Primeiro, pra fazer a chuca. Segundo, posso saber como foi que você conseguiu essa pochete?

Weberton: Não é pochete não, é minha barriga mesmo. É que pra lhe trazer a garrafa vazia, como você pediu, eu tive que beber tudo.

Wagner: Ai seu burro! Era só jogar tudo fora seu besta! Não faz nada certo!(Wagner fica de cara feia e vira de costas pra Weberton)

Weberton: Poxa mozinho, fiz pra te agradar... Mas, amor, o que é que é chuca?!

Wagner: (vira-se com espanto) Você não sabe o que é chuca?!

Weberton: Você não fez curso normal?! Então explica!

Wagner: Claro que explico “seu boneco”!(diz dando um tapinha na barriga de Weberton que faz cara feia)

Wagner: Quando as Adé vão quendá o edi...

Weberton: Para por aí que eu não falo Ioruba, muito menos falo portugay! Explique de um modo simples, mas, acadêmico.

Wagner: OK! Luz por favor! (as luzes se apagam deixando apenas um foco de luz em Wagner e um em Weberton)

Weberton: Amor, antes de você começar...

Wagner: Quieto!

Weberton: é que eu bebi muito e preciso fazer...

Wagner: Quieto! Psiu! Bem, como eu dizia... TELÃO POR FAVOR!(acende a luz do telão)

Wagner: Quando agente vai dar (mostra-se Wagner deitado e coberto na cama, e Weberton tirando as calças revelando uma cueca ridícula) Nós temos que fazer a nossa higiene.

Weberton: é, mas, todo mundo, que é limpo, toma banho antes de fuder!

Wagner: Claro, mas... Não interrompe Saci! Em fim, a higiene que fazemos, é uma higiene anal!(mostra-se uma imagem que lembre um ânus)

Weberton: Hã?!

Wagner: Limpeza do cú!

Weberton: Ah ta...

Wagner: Então nós pegamos aquela pequena borrachinha do chuveiro e introduzimos no ânus (mostra-se a imagem de Wagner introduzindo uma borracha enorme no ânus, com um grande sorriso).

Weberton: Se já vai meter outras coisas lá dentro, por que mete a borracha também?

Wagner: Pra não passar o cheque!(Weberton coça a cabeça) Pra não sair merda quando tirar o pinto!

Weberton: Ah ta...

Wagner: Aí deixamos à água entrar até sentir encher lá dentro. Fazemos força à água sai e junto vai à sujeira! É só repetir que logo, vais estar limpo! E lembrem-se... Use camisinha! (imagem de Weberton tentando pôr uma camisinha numa banana). Luzes por favor! (Luzes acendem) Viu o que é chuca? Agora pode ir ao banheiro. (Weberton já está sem a barriga)

Weberton: Não precisa mais...

Wagner: Ai que nojo amor!

Weberton: culpa sua! Agora eu vou ter que tomar banho! Mas, amor, se a chuca precisa usar a borrachinha do chuveiro, por que você pediu esse galão?

Wagner: É simples, a água do mundo está acabando, e aí, eu resolvi criar uma chuca ecológica!

Weberton: e como funciona?

Wagner: Eu encho o galão de água, enfio a ponta lá trás e aperto o galão pra fazer a chuca!(diz e pega o galão da mão de Weberton. Sai).

Weberton fica tentando imaginar e “fazer” através de gestos, caras e Bocas. Wagner surge da coxia e chama Weberton com um chiado de chamar cães e diz:

Wagner: Amor vem cá que e tenho uma surpresa pra você.

Ouve-se o estalar de um chicote e Weberton arregala os olhos.

B.O.

Cena 5
Acendem-se as luzes e Wagner está envolto em uma toalha em pé na sala enxugando o cabelo. Entra Weberton com ma toalha enrolada na cintura.

Weberton: Amor, vou indo tomar banho, você vem?

Wagner: Deixa pra próxima amor, acabei de tomar o meu.

Weberton: Tomou é? Então deve estar peladinho embaixo dessa toalha... (puxa a toalha de Wagner que está de sunga) Por que você toma banho de sunga?

Wagner: (sem dar muita importância) Sabe o que é amor... É que se mudou pro prédio da frente um vizinho muito tarado, e as janelas dele dão direto pra nossa sala, e pro nosso banheiro.

Weberton: O QUE?!

Wagner: Pois é, peguei o cara me olhando no banho com binóculos!

Weberton: Pois eu vou ligar pro sindico de lá e fazer um escândalo! Cadê meu celular?!

Wagner: Está comigo e você não vai ligar nada! Não quero as pessoas sabendo da minha vida! (tenta fugir com o celular na mão e Weberton o agarra)

Weberton: Me dá isso aqui! (Wagner joga-se de bruços no sofá, e Weberton pula por de trás dele tentando pegar o celular. Simula-se então, uma posição sexual).

Wagner: Amor para! Me solta antes que seja tarde!

Weberton: Tarde pra que?!

Wagner: Pra impedir o vizinho! Olha lá, ele ta filmando tudo!(ambos param e olham pra frente com cara de espanto).

Wagner sai correndo para um lado e Weberton para o outro, Weberton, porém, deixa de súbito cair a toalha mostrando a bunda.


Cena 6
Entra Wagner pensativo e irritado. Ele lê uma matéria de revista e ouve música ao mesmo tempo. Anda no palco de um lado para outro.

Wagner: (cantando meio que com raiva) “Homem feliz, mulher carente...”.

Entra Weberton com cara de bobo sorridente assobiando uma música qualquer. Weberton olha pra Wagner e percebe que ele está estranho.

Weberton: O que foi amor? Ta carente?! (ri)

Wagner: TÔ, POR QUÊ?!

Weberton: (saltando pra trás) Nada não... Mas, ta de TPM?

Wagner joga a revista que estava lendo em cima de Weberton, que por sua vez, escapa por pouco, ou não. Weberton pega a revista e lê o titulo da matéria.

Weberton: Homem feliz, mulher carente. Saiba por que homens só estão felizes quando traem. E você ta ligando pra esse absurdo?!

Wagner: Amor, você ta me traindo?!

Weberton: Não!

Ambos se sentam juntinhos abraçados e Wagner deixa que Weberton deite em seu colo.

Wagner: Mozudo...

Weberton: Oi mozinho

Wagner: Você ta feliz?(sorrindo com malícia)

Weberton: Sim mozinho... (com inocência)

De repente Weberton arregala o olho e começa a tocar uma música de terror.

Wagner: então você ta me traindo né?

Weberton: Não mozinho... Eu...              

Wagner começa a espumar pela boca e arregalar os olhos e então levanta a cabeça de Weberton e começa a batê-la no chão, repetidas vezes. Weberton grita tentando se livrar. Por fim Wagner para e olha para weberton que cospe dentes.

Weberton: Amor, eu não to te traindo não!(ainda tonto)

Wagner: Ai mozudo, eu perdi a cabeça... Desculpa, vem cá que e vou cuidar de você. (levanta Weberton e faz carinho nele)

Weberton: Ai amor, me faz carinho que eu tô tão carente...

Wagner: (com vozinha de bebê) Ah meu mozudo, fofo, lindo te amo! Ta feliz agora?!

Weberton: Agora tô!

Wagner: VOCÊ TA FELIZ?!(começa a espumar ao som da música de terror)

Weberton: Ai. (olhando triste pro público)

B.O. Ao som de gritos de dor de Weberton e gritos de raiva de Wagner.


Cena 7
Acendem-se as luzes e Weberton com a cabeça enfaixada monta um aviãozinho de brinquedo.

 Weberton: Porque este aviãozinho é tão complicado?

Wagner: Não é o aviãozinho que e complicado, você que é
muito burro mesmo!

Weberton: Olha respeita meu ”Hobby”, porque, quando você vai fazer seus cursinhos de artes e não aprende porra nenhuma, eu respeito.

Wagner: Vai à merda, só estou falando porque você está perdendo tempo com está merda de aviãozinho, e não está cumprindo a nossa meta de se beijar duas vezes por dia. Já são deis hora da noite e a gente não deu um beijo ainda.

Weberton: Tem razão. (Jogando o avião de lado)

Levanta e, da dos dois beijos rápidos e volta para a posição inicial.

Wagner: Seu Saci; não serve duas vezes seguida. Perde totalmente o sentido da coisa. Depois tem que ser beijo de língua.

Weberton: Não, mas, eu botei a língua, você não sentiu não?

Wagner: Não, não senti não. E olha aqui, se você não vai se esforçar para tentar salvar esta porcaria de relacionamento, eu também não vou me esforçar, ta?!

Weberton: Desculpa, eu estou me esforçando.
(Levanta passa a mão no rosto de Wagner e rola um mega beijo de língua)

Weberton: Melhorou?

Wagner: Beijo, sua besta. Você sabe o que e beijo? Tem que ter o mínimo de envolvimento.

Weberton: Que envolvimento?! Qual é o envolvimento?

Wagner: Você se envolveu neste beijo?

Weberton: Eu! Envolvi sim.

Wagner: Não! Não se envolveu. Não teve uma troca de
Sentimento, só teve uma troca de saliva.

Weberton: Tá vendo.  É por isso que a gente não se beija mais, porque você se refere às coisas pelo nome cientifico.  Saliva, sêmen, secreção (fazendo cara de nojo).

Wagner: Weberton, você está com nojo de mim?

Weberton: Claro que eu não estou com nojo de você. Estou com nojo dos beijos, do sexo.

Wagner: Meus beijos? Meu sexo?

Weberton: NÃO WAGNER! De todos os beijos, de todos os sexos.

Wagner: Que todos Weberton? Quem mais você beija? Com QUEM MAIS VOCÊ FAZ SEXO?

Weberton: Wagner, deste jeito você está estragando a teoria das coisas.

Wagner: (Aos gritos) Ah! Sou eu que estrago? Você me da uma lambida com este bafo de iogurte podre, chama de beijo e sou eu que estrago as coisas?
(Wagner vira e sai de cena, Weberton confere o hábito.).

Wagner retorna logo em seguida com um hidratante e senta no sofá.

Wagner: Sabe de uma coisa? Você só me beija direito quando quer transar. Mesmo assim mais ou menos.
(Weberton senta próximo de Wagner).

Weberton: Claro! Eu guardo o melhor para as grandes ocasiões.

Wagner: Acontece Weberton, que às vezes eu quero beijar e não quero transar.

Weberton: Tá bom. Nestes casos, a gente se beija como a gente acabou de se beijar. Um beijo, mas, mais...  Fofo!!

Wagner: Eu to cheio de beijo fofo, seu idiota. Eu to cheio!! Eu dou aula para criança. Eu to por aqui de beijo fofo. Quando eu chego em casa eu quero um beijo de verdade.

Weberton: Tipo um chupão?

Wagner: Isso tipo um chupão. Por quê? Agora, vai dizer que sua mãe não deixa?

Weberton: Só que eu não sou assim. Para mim chupão é sinal verde. Pode tirar a roupa, que vai ter sexo. Chupão e sexo. Eu sou assim Wagner, minha natureza e esta.

Wagner: Ta tudo bem seu tarado. Ta vendo está cola aqui? (Wagner força Weberton a chupar o vidro de cola, apagam-se as luzes do teatro, e ambos aparecem em outra posição).

Wagner: Weberton deixa de ser bobo, eu sei que sua boca não ta colada de verdade.
(Weberton mostra  grande desespero com a boca colada. Emitindo alguns sons).

Wagner: Ah! Bobeira sua se acha que vai me enganar com está brincadeira. Tem que saber parar quando não ta mais engraçado.
(Weberton continua com seu desespero, apontando para a boca).

Em seguida, Wagner verifica que Weberton está com a boca colada e se desespera.

Wagner: Calma, calma, na escola que eu fiz estágio as crianças viviam se colando, eu sei como descolar não tem problema nenhum. Vai respirando pelo nariz, se você não quer morrer sufocado.
(Weberton respira de modo louco e Wagner, dá um tapa na cabeça de Weberton).

Wagner: Não é assim seu merda. É assim... Cheirando a florzinha, cheirando a florzinha...
(Weberton aponta para o nariz)

Wagner: Falei para você cuidar desta sua renite, por isso que você ronca como um porco, você não me ouve. Entorta a cabeça que desentope, vai entorta a merda da cabeça.

 Wagner: Pronto agora e só ferver a água.
(Weberton faz alguns barulhos, e simboliza uma negativa).

Wagner: Weberton, água fervendo e a única coisa que descola estas colas.
(Weberton faz inúmeras negativas, caras, e negativas seguidas de resmungos).

Wagner: Mozudooo! Ou e água fervendo ou  vou ter que te levar para o hospital para o medico abrir a sua boca com um bisturi elétrico.
(Weberton fica desesperado, e emite sons tremendos).

Wagner: O que você prefere Weberton? Uma queimadura de nada de terceiro grau, ou uma cicatriz, medonha o resto da vida?
(Weberton ameaça Wagner com um gesto de porrada)

Wagner: Não adianta me ameaçar não eh!? Olha a lei Maria da Creuza! Se você tivesse me beijado direito nada disso teria acontecido seu merda.
Depois, água fervendo tem outra vantagem; o berro da dor ajuda descolar a boca e tirar este bafo.Pera aí que vou pegar água.

Wagner sai e volta com uma chaleira esfumaçante. Apaga-se a luz do teatro e ouve-se um tremendo berro. Em seguida, a luz retorna e Weberton não está mais no palco.

Wagner: Viu não ficou tão feio assim. (Continua sua hidratação)

Weberton: (gritando) Ta parecendo um cú de um macaco.

Wagner: Caralho, não está parecendo o cú de um macaco!
(Weberton retorna a cena, com um espelho na frente da boca).

Weberton: TÁ PARECENDO A BUNDA DE UM MACACO! E se eu ponho a ponta da língua pra fora, parece a xota da Chita!
(Descobre a boca, com um bico medonho, Wagner cai na gargalhada).

Wagner: (rindo muito) Não, não, não está não.

Weberton: Tenho uma apresentação amanha Wagner.
(Wagner gargalhando responde)

Wagner: Calma, vai desinchar, vai desinchar...  Ai para de drama e só colocar gelo.

Weberton: Você sabe o que eu quero?(com sorriso malicioso na boca inchada)

Wagner:  (rindo) O que?!

Weberton: Eu quero te dar um beijo.

Wagner: Oi? (perdendo o riso)

Weberton: Um beijo, você lembra Wagner que importante era a gente se beijar? Dar dois beijos por dia?  A gente já deu um. Agora eu quero te dar o segundo.

Wagner: Não, não, não precisa não... (se esquivando de Weberton), a gente pode abrir uma brecha hoje.

Weberton: Não, eu faço questão. Você tem que se esforçar. Vamos dar um “chupãozão”, cheio de envolvimento.

Wagner: Não, não, vira esse cú de macaco para lá (...).
Weberton beija Wagner a força.

Wagner: Você me paga, vou fazer você beijar a coisa mais nojenta deste planeta, eu juro.

Weberton: E só convidar a sua mãe, aquela macaca velha para fazer uma visita.
(Em seguida Weberton sai da cena)


Cena 8

Weberton entra de roupão olhando para o relógio com ar de preocupação. Senta-se no sofá e começa a ficar sonolento. O som ao fundo é de chuva.

Weberton: onze horas e nada de Wagner! Se ele pensa que eu vou dormir e não vou ver a hora que ele chega, está absolutamente... (apaga de repente e começa a dormir. Ronca loucamente).

Wagner entra lentamente, ainda meio molhado, com montes de bolsas em seus braços e tira os sapatos com dificuldade. Esconde as bolsas atrás do sofá e olha para Weberton, que ainda ronca.

Wagner: Meu Santo Antônio! Casei com um porco! Isso aí ronca mais que pedreiro depois da obra! (para o público) De porco, aliás, ele só não tem o orgasmo!

Weberton acorda subitamente com a ultima palavra.

Weberton: Quem ta tendo um orgasmo?! Eu juro que comprei camisinha!

Wagner: Pronto! Falou em sexo, ele levanta até depois de morto!

Weberton: até que enfim! Já estava preocupado! Onde você estava e porque não atendeu o celular?!

Wagner: Ai amor, fui só no shoping comprar uma coisinha.

Weberton: Uma coisinha ou umas coisinhas? Você quando vai ao shoping, compra roupa como se fosse vestir a África!

Wagner: Como você reclama! Vai dizer que não gosta de me ver arrumadinho ein meu maridinho?(senta-se no colo de Weberton)

Weberton: Adoro, mas... (Wagner faz um carinho mais ousado e ele se cala)

Wagner: Então... Vou te fazer uma massagem bem gostosa na nossa cama e... (sente-se incomodado com algo) Ai amor tem alguma coisa no seu bolso me machucando, aliás, duas.

Weberton: Uma é minha carteira, a outra... (para e acorda do transe) Por falar em carteira, quanto foi que você gastou?! E porque saiu na chuva? Quer ficar doente?

Wagner: (levantando do colo de Weberton) Comprei pouca coisa, e se você não percebeu, está chovendo!

Weberton: E por que você saiu sem guarda chuva? Você pode acabar ficando doente!

Wagner: Guarda chuva é cafona! O culpado de eu ter me molhado é você!

Weberton: Eu?!

Wagner: É, você! Se você tivesse comprado um carro eu não teria me molhado trazendo as sacolas!

Weberton: SACOLAS?! Não era uma coisinha?! Onde está o fruto do crime?!(diz se levantando)

Wagner: Calma Weberton, são só umas duas ou três sacolinhas!

Weberton: Exijo que você me diga quanto foi e quantas são as sacolas esqueceu que estamos economizando... (ao passar por trás do sofá tropeça e cai fazendo um enorme barulho)
Duas ou três né? (diz mostrando um monte de bolsas em suas mãos quando levanta)

Wagner responde com um forte espirro e Weberton muda de tom.

Weberton: Olha só amor! Eu disse que você ia ficar doente! Bem, vamos que eu vou lhe fazer uma sopinha de pé de galinha que vai te deixar ótimo!

Wagner: pé de galinha?! Não tem peito?!

Weberton: Sim, mas, estamos economizando! Agora vamos antes que isso piore! (puxa com carinho Wagner até a coxia)

Wagner: Não vai piorar amor, é gripe passageira!

B.O.

Cena final

Wagner está sentado no sofá com uma bolsa de água na cabeça, envolto com um cobertor tremendo de frio. Weberton entra.

Weberton: Pronto, me deixa ver a sua temperatura. (tira um termômetro de Wagner e olha) Que droga!

Wagner: o que foi to muito mal?

Weberton: Não, é que eu não sei ver temperatura nessa porra!

Wagner: (tomando termômetro) Me dá isso aqui que eu vejo!(olha o termômetro) Quarenta graus.

Weberton: Ah tah, quarenta gra... QUARENTA GRAUS?! Vamos agora pro hospital! (pega o celular e puxa Wagner pelo braço) Alô? Preciso de uma ambulância... (saem. Som de ambulância, seguido de som de freqüência cardíaca).

Weberton retorna a cena, muito sério e triste. Senta-se no sofá, ainda ao som de freqüência cardíaca.

Weberton: É grave. Como nós pudemos permitir que meu Wagner tivesse pneumonia e ainda por cima tão grave?
Não vou esquecer da nunca da expressão do doutor ao perguntar por que eu não lhe dei remédios ou o levei ao médico. Ele não podia tomar qualquer remédio pra não misturar com os que já toma! Agora está lá, respirando com ajuda de aparelhos. Sabem o que o doutor me disse? “Ele não está nada bem, sei que é duro, mas, esteja preparado para o pior”. (Começa a chorar).

A freqüência cardíaca para e as luzes se apagam. Ouvem-se vozes.

Voz 1: Rápido, temos que reanima-lo!

Voz 2: Ele não responde doutor!

Weberton: salva meu Wagner doutor! Salva!

Voz 1: Sinto muito, não há pulso...

Weberton: Wagner!!!

Luzes reacendem e Weberton entra em cena bem vestido e arrumado, o sofá está coberto com um pano como o resto dos móveis. Ele senta no sofá.

Weberton: Já faz um ano e meio desde que você se foi. (diz olhando para baixo como se falasse com alguém que está no chão) Sinto muito sua falta.

Wagner: (da platéia e todo de vermelho) Quem foi que disse pra ele que eu fui pro inferno pra ele falar olhando pra baixo?! (vai até o palco)

Weberton: (sem ver ou ouvir Wagner) Foi muito duro pra mim, mas, eu decidi vender nosso apartamento e mudar pra outra cidade. Sei que você me apoiaria. Comprei até aquele carro que você tanto exigia.

Wagner: Amor, também sinto sua falta... Pera aí?! Esperou eu morrer pra comprar o carro?!

Weberton: O ditado diz, até que a morte nos separe né... Então amor, eu vim só me despedir. Adeus. Vou sempre te amar.

Wagner: Eu também.

Weberton deixa sobre o sofá uma rosa e sai de cena, Wagner pega-a e senta no sofá. Ouve-se um som de carro ligando e acelerando e logo depois, um som alto de batida de carro. Wagner faz careta de susto, e dá de ombros sorrindo.

Fim.











 TAÍ MOZINHO, agora você curta e adapte o que quiser, e depois  só ensaiar. TE AMO













































         

















 “Isso vai passar?!”

 Weberton Costa
&
Wagner Nazário















Cena 1
Abrem-se as cortinas, no palco, um cenário que lembra uma sala de apartamento, porém não há ninguém no palco. Entram Wagner e Weberton. Entram discutindo e tentando achar dois lugares que estão reservados na platéia.

Weberton: Porra Wagner! Fiquei quarenta minutos te esperando naquela encruzilhada!

Wagner: Menos! Caixa baixa que você não está falando com sua mãe! Da próxima vez não venho!

Weberton: Ta bom mozinho, me desculpa é que eu tava nervoso e... (para o público) Caralho, eu que sou a vitima, mas, sempre saio de vilão.

Wagner: ai meu deus, adora fazer um drama! Começou! Vamos sentar que a peça já começou e pessoal deve a pensando que agente faz parte só pelo escândalo básico.

Weberton: o ingresso ta com você?

Wagner: comigo não, eu te entreguei.

Weberton: Puta merda Wagner!

Wagner: (olhando para os lugares vazios) Nem precisa Weberton, tem dois lugares sobrando! Vamos pra lá!

Ambos vão para as cadeiras e sentam. Dão as mãos e olham para o palco. Ocorre silêncio e Weberton de súbito, vira para Wagner.

Weberton: Amor, agente ta no elenco da peça!(começa a olhar na agenda) Você lembrava?

Wagner: Sim, claro... (barulhinho do Windows)

Weberton: sei que lembrava sim. Vamos logo pra lá!


Ambos saem cada um de um lado e vão para o palco. Cortinas se fecham com ambos ainda de fora.

Wagner e Weberton: Boa noite.

Weberton: Desculpem pela demora e pelo atraso, mas, é que o Wagner nunca chega na hora!

Wagner: Pelo menos eu admito que chego atrasado! (para o público) Weberton chega atrasado, mas, porque chega cinco minutos antes canta de galo falando que eu atrasei.

Weberton: Não interessa e...

Wagner: Não mesmo! Não vou ficar falando da minha vida pessoal pra todo mundo!

Weberton: OK amor. Tomou os remédios? Aqueles que afetam a sua memória?

Wagner: Que remédios?!(som do Windows)

Weberton: Tomou. Me dá um beijinho pra gente poder começar. (se beijam e entram).

Wagner põe a cabeça pra fora e fala com o público.

Wagner: Ele fala que eu tenho memória ruim, mas, quem esqueceu de falar sobre a peça foi ele! Ela vai falar sobre como agente se conheceu e o que passou até chegar aqui. (Wagner levanta uma taça de Champagne) Então um brinde, a vocês!(bebe)

Weberton: Amor, você viu a taça de Champagne da cena final? Lembra? (berra de dentro das cortinas)

Wagner: (barulhinho do Windows) Claro que lembro, mas, não vi não. (corre e escolhe alguém na platéia e entrega a taça de champagne para a pessoa) Bebe e não deixe ele ver! No fim da peça você me devolve vazia!(corre pra dentro do palco)

Ouve-se a primeira campainha seguida de um grito de Weberton:

Weberton: Acelera essa porra de campainha que agente já ta atrasado!

As três campainhas tocam uma atrás da outra rapidamente. Cortinas abrem. De um lado está Weberton sentado sobre uma cadeira desconfortável com um mouse e um teclado na mão, do outro, Wagner está jogado sobre um puff bem macio com um note book. Entra uma narração gravada:

Voz de Weberton: Aí estamos nós. Atoa como a maioria dos jovens na nossa idade.

Voz de Wagner: Fale por você! Eu tava trabalhando! Correndo atrás de projetos e mais projetos!

Voz de Weberton: O que você ta fazendo aqui?!Essa narração é minha!

Voz de Wagner: então fala direito como aconteceu ou eu conto!

Voz de Weberton: Ok! Eu tava vendo filme pornô e você trabalhando, ta bom?!(não há resposta) Bem, como eu ia dizendo, eu tava no computador... (é interrompido)

Voz de Wagner: Vendo pornô... (ri)

Voz de Weberton: Se eu não fosse uma voz gravada eu e esfolava! Mas, voltando ao que importa, eu cansei de ver gente em foto e resolvi conhecer gente pelo orkut.

Weberton: To cansado dessa solidão de pornô punheta, punheta pornô! Olha só... Esse é gatinho...

Wagner: Quem é essa pessoa? É, vamos ver se presta né. Oi.

Weberton: Oi, tudo bem?

Wagner: Tudo e você?

Weberton: Tudo, e você?

Wagner: Dá pra ver que é bom de papo.

Weberton: TC de onde?

Wagner: (nome da cidade onde estiver sendo apresentada a peça)

Weberton: Eu também! VIVAAAAA ARRUMEI PRA HOJE!

Wagner: Legal.

Weberton: E aí, topa agente se ver? Meu pau tem 20cm!

Wagner fecha o note book com cara de nojo e Weberton fica desesperado.

Wagner: Definitivamente, não se conhece nada além de tarado nessa cidade!

Weberton: Poxa, (olhando pra dentro das calças) será que ele achou pequeno?!

B.O.



Cena 2
Reacendem as luzes a ambos estão lá lado a lado de pé (Weberton ainda olha pra dentro das calças). Wagner começa a falar com o público.

Wagner: E foi assim que nós conversamos pela primeira vez...

Weberton: Você acha pequeno?(olhando pra entro das calças)

Wagner: (olha de cara feia, mas, ignora e continua) Depois de muita insistência dele, nós finalmente decidimos sair.

Weberton: (ainda olhando dentro das calças) Sério que você não topou pelo tamanho do dote?

Wagner: Amor, vamos brincar de caixinha de música?

Weberton: E em que posição de az isso?(lambendo os beiços e esfregando as mãos)

Wagner: é só você levantar os braços bem pra cima e (ajeitando Weberton) e fechar os olhos.

Weberton: To gostando meu safadinho... (ri)

Wagner cantarola uma musiqueta e ao fim dela dá com toda força uma joelhada nas partes de Weberton que cai. Vira-se para o público e torna a falar:

Wagner: Como eu dizia, Marcamos um primeiro encontro e decidimos ir ao cinema.

Weberton: (ainda meio gemido) e como você tava gostoso!

Wagner: Foi tão romântico... Ele pegou na minha mão...

Weberton: Claro! Você não deixou pegar em outras partes!

Wagner: Chega amor, desisto! Você ta muito tarado!

Weberton: Poxa amor, não desiste de mim não. Eu prometo que melhoro.

Wagner: Ok! Então vem cá. Senta aqui e me dá a mão. (sentam-se em boca de cena)

Wagner: Fecha os olhos.

Weberton vai fechar os olhos, quando passa a mão no pênis e lembra da joelhada e olha com olhos arregalados para o público. Neste exato momento soa um barulho tal qual o de erro de computador.

Weberton: Não senhor! Dá ultima vez que fechei o olho eu vi estrela!

Wagner: prometo não te chutar mais. Juro (cruza os dedos para a platéia)

Weberton: ok. (fecha os olhos)

Wagner: Imagina um dia de sol com o céu azul. Imaginou?

Weberton: imaginei.

Wagner: Imagine que você é um passarinho que voa livre pelo céu para encontrar o seu amor.

Weberton: Sim. (faz gestual de passarinho batendo as asas e torna a pegar nas mãos de Wagner, que lhe faz carinho).

Wagner: Agora imagine que você encontrou. E vocês vão dar um beijinho. (beijam-se)

Weberton: Isso é muito bom.

Wagner: Pode abrir os olhos amor. (Weberton abre os olhos) Viu só? Isso é pra você ver que nem tudo na vida é sexo! E então como você se sente?

Weberton: Pra ser sincero mesmo?

Wagner: sim, claro, quem ama não mente.

Weberton: Tô de pau duro!

Wagner: Sai, sai daqui!

Weberton: que foi que eu fiz?

Wagner: Sai, antes que eu brinque de caixinha de música outra vez! (diz isso, já de costas pra Weberton, e quando se vira pra olhar, ao fim dessa frase, Weberton Já sumiu).

Wagner: Homem tarado se trata assim! A senhora aí que eu dei o champagne (se for jovem diga senhorita), aproveita bem e quando chegar em casa amiga, pode usar essa técnica com seu marido, namorado ou amante! Isso vale pra todas! (conversa um pouco com a platéia e sai).


Cena 3
Entra Weberton pela platéia como que saindo de alguma cadeira protegendo suas partes com uma daquelas raquetes elétricas de pegar mosquito.

Weberton: Ainda bem que ele já foi. TPM é um inferno, mas, agora eu quero ver ele me dar joelhada sem fuder o joelho.(ri) TPM é coisa da qual não se foge nem com divórcio! Por que as mulheres tão dominando o mundo! Teve um malandro amigo meu que irritou a mulher dele, que tava de TPM. Rapaz, a mulher passou a navalha no pinto dele e o cara foi parar no hospital. A médica que costurou também tava de TPM. Só garanto pra vocês... (olha em volta e fala baixo olhando pro público) Até hoje o coitado mija pra cima!
Vocês tão aí rindo porque não sabem como é TPM de viado! Só porque não tem útero, o infeliz tem duas ao mês! Mas, na minha casa mando eu! Pediu-me pra casar e eu disse que não, e ta decidido!

Entra Wagner com um avental sujo e um cutelo na mão.

Wagner: Amor, to pensando em fazer salada, você aceita?

Weberton: Se eu aceito o que? Eu já disse que não vou casar e... (olha pra trás e vê Wagner com o cutelo) Eu aceito sim! (gritando) Eu caso contigo amanhã mesmo! Pelo amor de Deus! Eu só não quero ficar sem pinto! (sai correndo).

Wagner: (falando sempre num tom sonhador) Vocês viram que romântico?! Ele finalmente vai casar comigo! Logo eu que sou moça virgem (gargalhadas soam da coxia e Wagner olha de cara feia e mostra o cutelo para a coxia. Os risos cessam) e estava louca pra casar! O casamento é uma benção que te prende em casa, que te prende a um único homem que vai ficar velho, careca, gordo, fedido. Que vai passar os seus últimos dias sem trepar nem uma vez contigo, alegando que o jogo de futebol começou, ou que o viagra acabou. Já imagino tudo e... (barulho do Windows) Péra aí, por que é mesmo que eu quero me casar?!

Sai de cena ao som de uma desengonçada marcha nupcial representando seu atrapalhamento. Entra Weberton de terno elegante ao som da mesma marcha.

Weberton: Olha, casamento é uma ocasião de muito luxo! As pessoas sempre casam muito chiques e alinhadas. Há sempre uma festa muito bonita, cheia de amigos e muita comida. Sempre rola num lugar bonito... A noiva vem entrando ao som da marcha... (entra Wagner de noiva) Mas, a verdade...

Wagner: É que vai todo mundo só pra comer!

Weberton: E quem não vai pra comer, vai pra rir da sua cara porque você está fudido!

Wagner: É tudo tão bonito...

Weberton: É, mas, você se esqueceu que o nosso não foi assim?

Wagner: (barulho do Windows) Não...

Weberton: Foi na rua...

Wagner: é. Debaixo de uma arvore na praça...

Ambos dão as mãos e se aproximam como se fossem se beijar.

Wagner: os pássaros cantavam e voavam sobre nós... (barulho do bater de asas de pássaros)

De repente Weberton olha para o ombro passa a mão e olha pra cima.

Weberton: eram pombos, e um deles deixou a sua benção em mim. Nossos amigos não viram, porque foi escondido. E a festa foi só entre nós dois...
                                          
Wagner sorri e ameaça abrir a boca, mas, é interrompido.

Weberton: Mas, não foi no Le Canton e nem no Copacabana Palace! Foi no McChina da esquina!

Wagner: Seu chato! Estragou toda a fantasia do momento!

Weberton: E por falar em fantasia... Não foi com essa roupa que agente casou!

Wagner: Mozudo é melhor não fazer isso...

Weberton: Casamos com roupas NORMAIS! (arranca a própria roupa, revelando uma roupa simples por baixo).

Wagner: Amor me deixa ficar com o vestido vai...

Weberton: Não, não, aqui só vamos falar a verdade!(vai até Wagner e arranca-lhe o vestido, revelando que por baixo só há calçinha e sutiã com sinta liga).

Wagner: Gostou? Era pra lua de mel. Mas, já que o que é bonito é pra se mostrar...

Wagner começa a desfilar ao som de uma música e Weberton o expulsa do palco procurando cobri-lo como pode. Aponta para a cabine de som e luz e faz sinal de cortar.

B.O

Cena4
Wagner está sentado com uma toalha de banho no colo, sabonete e shampoo. Parece nervoso. Weberton entra com uma garrafa pet das maiores que existem, e uma enorme barriga d’água.

Weberton: Ai amor, custou, mas, consegui o garrafão que você me pediu. Mas, me diga pra quê você quer uma garrafa dessas em plena lua de mel?!

Wagner: Primeiro, pra fazer a chuca. Segundo, posso saber como foi que você conseguiu essa pochete?

Weberton: Não é pochete não, é minha barriga mesmo. É que pra lhe trazer a garrafa vazia, como você pediu, eu tive que beber tudo.

Wagner: Ai seu burro! Era só jogar tudo fora seu besta! Não faz nada certo!(Wagner fica de cara feia e vira de costas pra Weberton)

Weberton: Poxa mozinho, fiz pra te agradar... Mas, amor, o que é que é chuca?!

Wagner: (vira-se com espanto) Você não sabe o que é chuca?!

Weberton: Você não fez curso normal?! Então explica!

Wagner: Claro que explico “seu boneco”!(diz dando um tapinha na barriga de Weberton que faz cara feia)

Wagner: Quando as Adé vão quendá o edi...

Weberton: Para por aí que eu não falo Ioruba, muito menos falo portugay! Explique de um modo simples, mas, acadêmico.

Wagner: OK! Luz por favor! (as luzes se apagam deixando apenas um foco de luz em Wagner e um em Weberton)

Weberton: Amor, antes de você começar...

Wagner: Quieto!

Weberton: é que eu bebi muito e preciso fazer...

Wagner: Quieto! Psiu! Bem, como eu dizia... TELÃO POR FAVOR!(acende a luz do telão)

Wagner: Quando agente vai dar (mostra-se Wagner deitado e coberto na cama, e Weberton tirando as calças revelando uma cueca ridícula) Nós temos que fazer a nossa higiene.

Weberton: é, mas, todo mundo, que é limpo, toma banho antes de fuder!

Wagner: Claro, mas... Não interrompe Saci! Em fim, a higiene que fazemos, é uma higiene anal!(mostra-se uma imagem que lembre um ânus)

Weberton: Hã?!

Wagner: Limpeza do cú!

Weberton: Ah ta...

Wagner: Então nós pegamos aquela pequena borrachinha do chuveiro e introduzimos no ânus (mostra-se a imagem de Wagner introduzindo uma borracha enorme no ânus, com um grande sorriso).

Weberton: Se já vai meter outras coisas lá dentro, por que mete a borracha também?

Wagner: Pra não passar o cheque!(Weberton coça a cabeça) Pra não sair merda quando tirar o pinto!

Weberton: Ah ta...

Wagner: Aí deixamos à água entrar até sentir encher lá dentro. Fazemos força à água sai e junto vai à sujeira! É só repetir que logo, vais estar limpo! E lembrem-se... Use camisinha! (imagem de Weberton tentando pôr uma camisinha numa banana). Luzes por favor! (Luzes acendem) Viu o que é chuca? Agora pode ir ao banheiro. (Weberton já está sem a barriga)

Weberton: Não precisa mais...

Wagner: Ai que nojo amor!

Weberton: culpa sua! Agora eu vou ter que tomar banho! Mas, amor, se a chuca precisa usar a borrachinha do chuveiro, por que você pediu esse galão?

Wagner: É simples, a água do mundo está acabando, e aí, eu resolvi criar uma chuca ecológica!

Weberton: e como funciona?

Wagner: Eu encho o galão de água, enfio a ponta lá trás e aperto o galão pra fazer a chuca!(diz e pega o galão da mão de Weberton. Sai).

Weberton fica tentando imaginar e “fazer” através de gestos, caras e Bocas. Wagner surge da coxia e chama Weberton com um chiado de chamar cães e diz:

Wagner: Amor vem cá que e tenho uma surpresa pra você.

Ouve-se o estalar de um chicote e Weberton arregala os olhos.

B.O.

Cena 5
Acendem-se as luzes e Wagner está envolto em uma toalha em pé na sala enxugando o cabelo. Entra Weberton com ma toalha enrolada na cintura.

Weberton: Amor, vou indo tomar banho, você vem?

Wagner: Deixa pra próxima amor, acabei de tomar o meu.

Weberton: Tomou é? Então deve estar peladinho embaixo dessa toalha... (puxa a toalha de Wagner que está de sunga) Por que você toma banho de sunga?

Wagner: (sem dar muita importância) Sabe o que é amor... É que se mudou pro prédio da frente um vizinho muito tarado, e as janelas dele dão direto pra nossa sala, e pro nosso banheiro.

Weberton: O QUE?!

Wagner: Pois é, peguei o cara me olhando no banho com binóculos!

Weberton: Pois eu vou ligar pro sindico de lá e fazer um escândalo! Cadê meu celular?!

Wagner: Está comigo e você não vai ligar nada! Não quero as pessoas sabendo da minha vida! (tenta fugir com o celular na mão e Weberton o agarra)

Weberton: Me dá isso aqui! (Wagner joga-se de bruços no sofá, e Weberton pula por de trás dele tentando pegar o celular. Simula-se então, uma posição sexual).

Wagner: Amor para! Me solta antes que seja tarde!

Weberton: Tarde pra que?!

Wagner: Pra impedir o vizinho! Olha lá, ele ta filmando tudo!(ambos param e olham pra frente com cara de espanto).

Wagner sai correndo para um lado e Weberton para o outro, Weberton, porém, deixa de súbito cair a toalha mostrando a bunda.


Cena 6
Entra Wagner pensativo e irritado. Ele lê uma matéria de revista e ouve música ao mesmo tempo. Anda no palco de um lado para outro.

Wagner: (cantando meio que com raiva) “Homem feliz, mulher carente...”.

Entra Weberton com cara de bobo sorridente assobiando uma música qualquer. Weberton olha pra Wagner e percebe que ele está estranho.

Weberton: O que foi amor? Ta carente?! (ri)

Wagner: TÔ, POR QUÊ?!

Weberton: (saltando pra trás) Nada não... Mas, ta de TPM?

Wagner joga a revista que estava lendo em cima de Weberton, que por sua vez, escapa por pouco, ou não. Weberton pega a revista e lê o titulo da matéria.

Weberton: Homem feliz, mulher carente. Saiba por que homens só estão felizes quando traem. E você ta ligando pra esse absurdo?!

Wagner: Amor, você ta me traindo?!

Weberton: Não!

Ambos se sentam juntinhos abraçados e Wagner deixa que Weberton deite em seu colo.

Wagner: Mozudo...

Weberton: Oi mozinho

Wagner: Você ta feliz?(sorrindo com malícia)

Weberton: Sim mozinho... (com inocência)

De repente Weberton arregala o olho e começa a tocar uma música de terror.

Wagner: então você ta me traindo né?

Weberton: Não mozinho... Eu...              

Wagner começa a espumar pela boca e arregalar os olhos e então levanta a cabeça de Weberton e começa a batê-la no chão, repetidas vezes. Weberton grita tentando se livrar. Por fim Wagner para e olha para weberton que cospe dentes.

Weberton: Amor, eu não to te traindo não!(ainda tonto)

Wagner: Ai mozudo, eu perdi a cabeça... Desculpa, vem cá que e vou cuidar de você. (levanta Weberton e faz carinho nele)

Weberton: Ai amor, me faz carinho que eu tô tão carente...

Wagner: (com vozinha de bebê) Ah meu mozudo, fofo, lindo te amo! Ta feliz agora?!

Weberton: Agora tô!

Wagner: VOCÊ TA FELIZ?!(começa a espumar ao som da música de terror)

Weberton: Ai. (olhando triste pro público)

B.O. Ao som de gritos de dor de Weberton e gritos de raiva de Wagner.


Cena 7
Acendem-se as luzes e Weberton com a cabeça enfaixada monta um aviãozinho de brinquedo.

 Weberton: Porque este aviãozinho é tão complicado?

Wagner: Não é o aviãozinho que e complicado, você que é
muito burro mesmo!

Weberton: Olha respeita meu ”Hobby”, porque, quando você vai fazer seus cursinhos de artes e não aprende porra nenhuma, eu respeito.

Wagner: Vai à merda, só estou falando porque você está perdendo tempo com está merda de aviãozinho, e não está cumprindo a nossa meta de se beijar duas vezes por dia. Já são deis hora da noite e a gente não deu um beijo ainda.

Weberton: Tem razão. (Jogando o avião de lado)

Levanta e, da dos dois beijos rápidos e volta para a posição inicial.

Wagner: Seu Saci; não serve duas vezes seguida. Perde totalmente o sentido da coisa. Depois tem que ser beijo de língua.

Weberton: Não, mas, eu botei a língua, você não sentiu não?

Wagner: Não, não senti não. E olha aqui, se você não vai se esforçar para tentar salvar esta porcaria de relacionamento, eu também não vou me esforçar, ta?!

Weberton: Desculpa, eu estou me esforçando.
(Levanta passa a mão no rosto de Wagner e rola um mega beijo de língua)

Weberton: Melhorou?

Wagner: Beijo, sua besta. Você sabe o que e beijo? Tem que ter o mínimo de envolvimento.

Weberton: Que envolvimento?! Qual é o envolvimento?

Wagner: Você se envolveu neste beijo?

Weberton: Eu! Envolvi sim.

Wagner: Não! Não se envolveu. Não teve uma troca de
Sentimento, só teve uma troca de saliva.

Weberton: Tá vendo.  É por isso que a gente não se beija mais, porque você se refere às coisas pelo nome cientifico.  Saliva, sêmen, secreção (fazendo cara de nojo).

Wagner: Weberton, você está com nojo de mim?

Weberton: Claro que eu não estou com nojo de você. Estou com nojo dos beijos, do sexo.

Wagner: Meus beijos? Meu sexo?

Weberton: NÃO WAGNER! De todos os beijos, de todos os sexos.

Wagner: Que todos Weberton? Quem mais você beija? Com QUEM MAIS VOCÊ FAZ SEXO?

Weberton: Wagner, deste jeito você está estragando a teoria das coisas.

Wagner: (Aos gritos) Ah! Sou eu que estrago? Você me da uma lambida com este bafo de iogurte podre, chama de beijo e sou eu que estrago as coisas?
(Wagner vira e sai de cena, Weberton confere o hábito.).

Wagner retorna logo em seguida com um hidratante e senta no sofá.

Wagner: Sabe de uma coisa? Você só me beija direito quando quer transar. Mesmo assim mais ou menos.
(Weberton senta próximo de Wagner).

Weberton: Claro! Eu guardo o melhor para as grandes ocasiões.

Wagner: Acontece Weberton, que às vezes eu quero beijar e não quero transar.

Weberton: Tá bom. Nestes casos, a gente se beija como a gente acabou de se beijar. Um beijo, mas, mais...  Fofo!!

Wagner: Eu to cheio de beijo fofo, seu idiota. Eu to cheio!! Eu dou aula para criança. Eu to por aqui de beijo fofo. Quando eu chego em casa eu quero um beijo de verdade.

Weberton: Tipo um chupão?

Wagner: Isso tipo um chupão. Por quê? Agora, vai dizer que sua mãe não deixa?

Weberton: Só que eu não sou assim. Para mim chupão é sinal verde. Pode tirar a roupa, que vai ter sexo. Chupão e sexo. Eu sou assim Wagner, minha natureza e esta.

Wagner: Ta tudo bem seu tarado. Ta vendo está cola aqui? (Wagner força Weberton a chupar o vidro de cola, apagam-se as luzes do teatro, e ambos aparecem em outra posição).

Wagner: Weberton deixa de ser bobo, eu sei que sua boca não ta colada de verdade.
(Weberton mostra  grande desespero com a boca colada. Emitindo alguns sons).

Wagner: Ah! Bobeira sua se acha que vai me enganar com está brincadeira. Tem que saber parar quando não ta mais engraçado.
(Weberton continua com seu desespero, apontando para a boca).

Em seguida, Wagner verifica que Weberton está com a boca colada e se desespera.

Wagner: Calma, calma, na escola que eu fiz estágio as crianças viviam se colando, eu sei como descolar não tem problema nenhum. Vai respirando pelo nariz, se você não quer morrer sufocado.
(Weberton respira de modo louco e Wagner, dá um tapa na cabeça de Weberton).

Wagner: Não é assim seu merda. É assim... Cheirando a florzinha, cheirando a florzinha...
(Weberton aponta para o nariz)

Wagner: Falei para você cuidar desta sua renite, por isso que você ronca como um porco, você não me ouve. Entorta a cabeça que desentope, vai entorta a merda da cabeça.

 Wagner: Pronto agora e só ferver a água.
(Weberton faz alguns barulhos, e simboliza uma negativa).

Wagner: Weberton, água fervendo e a única coisa que descola estas colas.
(Weberton faz inúmeras negativas, caras, e negativas seguidas de resmungos).

Wagner: Mozudooo! Ou e água fervendo ou  vou ter que te levar para o hospital para o medico abrir a sua boca com um bisturi elétrico.
(Weberton fica desesperado, e emite sons tremendos).

Wagner: O que você prefere Weberton? Uma queimadura de nada de terceiro grau, ou uma cicatriz, medonha o resto da vida?
(Weberton ameaça Wagner com um gesto de porrada)

Wagner: Não adianta me ameaçar não eh!? Olha a lei Maria da Creuza! Se você tivesse me beijado direito nada disso teria acontecido seu merda.
Depois, água fervendo tem outra vantagem; o berro da dor ajuda descolar a boca e tirar este bafo.Pera aí que vou pegar água.

Wagner sai e volta com uma chaleira esfumaçante. Apaga-se a luz do teatro e ouve-se um tremendo berro. Em seguida, a luz retorna e Weberton não está mais no palco.

Wagner: Viu não ficou tão feio assim. (Continua sua hidratação)

Weberton: (gritando) Ta parecendo um cú de um macaco.

Wagner: Caralho, não está parecendo o cú de um macaco!
(Weberton retorna a cena, com um espelho na frente da boca).

Weberton: TÁ PARECENDO A BUNDA DE UM MACACO! E se eu ponho a ponta da língua pra fora, parece a xota da Chita!
(Descobre a boca, com um bico medonho, Wagner cai na gargalhada).

Wagner: (rindo muito) Não, não, não está não.

Weberton: Tenho uma apresentação amanha Wagner.
(Wagner gargalhando responde)

Wagner: Calma, vai desinchar, vai desinchar...  Ai para de drama e só colocar gelo.

Weberton: Você sabe o que eu quero?(com sorriso malicioso na boca inchada)

Wagner:  (rindo) O que?!

Weberton: Eu quero te dar um beijo.

Wagner: Oi? (perdendo o riso)

Weberton: Um beijo, você lembra Wagner que importante era a gente se beijar? Dar dois beijos por dia?  A gente já deu um. Agora eu quero te dar o segundo.

Wagner: Não, não, não precisa não... (se esquivando de Weberton), a gente pode abrir uma brecha hoje.

Weberton: Não, eu faço questão. Você tem que se esforçar. Vamos dar um “chupãozão”, cheio de envolvimento.

Wagner: Não, não, vira esse cú de macaco para lá (...).
Weberton beija Wagner a força.

Wagner: Você me paga, vou fazer você beijar a coisa mais nojenta deste planeta, eu juro.

Weberton: E só convidar a sua mãe, aquela macaca velha para fazer uma visita.
(Em seguida Weberton sai da cena)


Cena 8

Weberton entra de roupão olhando para o relógio com ar de preocupação. Senta-se no sofá e começa a ficar sonolento. O som ao fundo é de chuva.

Weberton: onze horas e nada de Wagner! Se ele pensa que eu vou dormir e não vou ver a hora que ele chega, está absolutamente... (apaga de repente e começa a dormir. Ronca loucamente).

Wagner entra lentamente, ainda meio molhado, com montes de bolsas em seus braços e tira os sapatos com dificuldade. Esconde as bolsas atrás do sofá e olha para Weberton, que ainda ronca.

Wagner: Meu Santo Antônio! Casei com um porco! Isso aí ronca mais que pedreiro depois da obra! (para o público) De porco, aliás, ele só não tem o orgasmo!

Weberton acorda subitamente com a ultima palavra.

Weberton: Quem ta tendo um orgasmo?! Eu juro que comprei camisinha!

Wagner: Pronto! Falou em sexo, ele levanta até depois de morto!

Weberton: até que enfim! Já estava preocupado! Onde você estava e porque não atendeu o celular?!

Wagner: Ai amor, fui só no shoping comprar uma coisinha.

Weberton: Uma coisinha ou umas coisinhas? Você quando vai ao shoping, compra roupa como se fosse vestir a África!

Wagner: Como você reclama! Vai dizer que não gosta de me ver arrumadinho ein meu maridinho?(senta-se no colo de Weberton)

Weberton: Adoro, mas... (Wagner faz um carinho mais ousado e ele se cala)

Wagner: Então... Vou te fazer uma massagem bem gostosa na nossa cama e... (sente-se incomodado com algo) Ai amor tem alguma coisa no seu bolso me machucando, aliás, duas.

Weberton: Uma é minha carteira, a outra... (para e acorda do transe) Por falar em carteira, quanto foi que você gastou?! E porque saiu na chuva? Quer ficar doente?

Wagner: (levantando do colo de Weberton) Comprei pouca coisa, e se você não percebeu, está chovendo!

Weberton: E por que você saiu sem guarda chuva? Você pode acabar ficando doente!

Wagner: Guarda chuva é cafona! O culpado de eu ter me molhado é você!

Weberton: Eu?!

Wagner: É, você! Se você tivesse comprado um carro eu não teria me molhado trazendo as sacolas!

Weberton: SACOLAS?! Não era uma coisinha?! Onde está o fruto do crime?!(diz se levantando)

Wagner: Calma Weberton, são só umas duas ou três sacolinhas!

Weberton: Exijo que você me diga quanto foi e quantas são as sacolas esqueceu que estamos economizando... (ao passar por trás do sofá tropeça e cai fazendo um enorme barulho)
Duas ou três né? (diz mostrando um monte de bolsas em suas mãos quando levanta)

Wagner responde com um forte espirro e Weberton muda de tom.

Weberton: Olha só amor! Eu disse que você ia ficar doente! Bem, vamos que eu vou lhe fazer uma sopinha de pé de galinha que vai te deixar ótimo!

Wagner: pé de galinha?! Não tem peito?!

Weberton: Sim, mas, estamos economizando! Agora vamos antes que isso piore! (puxa com carinho Wagner até a coxia)

Wagner: Não vai piorar amor, é gripe passageira!

B.O.

Cena final

Wagner está sentado no sofá com uma bolsa de água na cabeça, envolto com um cobertor tremendo de frio. Weberton entra.

Weberton: Pronto, me deixa ver a sua temperatura. (tira um termômetro de Wagner e olha) Que droga!

Wagner: o que foi to muito mal?

Weberton: Não, é que eu não sei ver temperatura nessa porra!

Wagner: (tomando termômetro) Me dá isso aqui que eu vejo!(olha o termômetro) Quarenta graus.

Weberton: Ah tah, quarenta gra... QUARENTA GRAUS?! Vamos agora pro hospital! (pega o celular e puxa Wagner pelo braço) Alô? Preciso de uma ambulância... (saem. Som de ambulância, seguido de som de freqüência cardíaca).

Weberton retorna a cena, muito sério e triste. Senta-se no sofá, ainda ao som de freqüência cardíaca.

Weberton: É grave. Como nós pudemos permitir que meu Wagner tivesse pneumonia e ainda por cima tão grave?
Não vou esquecer da nunca da expressão do doutor ao perguntar por que eu não lhe dei remédios ou o levei ao médico. Ele não podia tomar qualquer remédio pra não misturar com os que já toma! Agora está lá, respirando com ajuda de aparelhos. Sabem o que o doutor me disse? “Ele não está nada bem, sei que é duro, mas, esteja preparado para o pior”. (Começa a chorar).

A freqüência cardíaca para e as luzes se apagam. Ouvem-se vozes.

Voz 1: Rápido, temos que reanima-lo!

Voz 2: Ele não responde doutor!

Weberton: salva meu Wagner doutor! Salva!

Voz 1: Sinto muito, não há pulso...

Weberton: Wagner!!!

Luzes reacendem e Weberton entra em cena bem vestido e arrumado, o sofá está coberto com um pano como o resto dos móveis. Ele senta no sofá.

Weberton: Já faz um ano e meio desde que você se foi. (diz olhando para baixo como se falasse com alguém que está no chão) Sinto muito sua falta.

Wagner: (da platéia e todo de vermelho) Quem foi que disse pra ele que eu fui pro inferno pra ele falar olhando pra baixo?! (vai até o palco)

Weberton: (sem ver ou ouvir Wagner) Foi muito duro pra mim, mas, eu decidi vender nosso apartamento e mudar pra outra cidade. Sei que você me apoiaria. Comprei até aquele carro que você tanto exigia.

Wagner: Amor, também sinto sua falta... Pera aí?! Esperou eu morrer pra comprar o carro?!

Weberton: O ditado diz, até que a morte nos separe né... Então amor, eu vim só me despedir. Adeus. Vou sempre te amar.

Wagner: Eu também.

Weberton deixa sobre o sofá uma rosa e sai de cena, Wagner pega-a e senta no sofá. Ouve-se um som de carro ligando e acelerando e logo depois, um som alto de batida de carro. Wagner faz careta de susto, e dá de ombros sorrindo.

Fim.